Coragem, Fé e Esperança nos dias “rigorosos de Inverno Interior”

Hoje celebra-se o Solstício de Inverno, a noite mais longa do ano, onde o Inverno se estabelece. Porém é a partir deste dia que o sol começa a aproximar-se da Terra.

Neste Sabbat também conhecido por Yule honramos a Deusa no seu aspecto divino e eterno de Mãe, que dá à luz o seu novo filho (o Deus menino), a criança do Sol, que trás esperança e trará calor e fertilidade à Terra.

Yule é o tempo de celebrar o Deus Cornífero, ainda bebé.

É desta data antiga que se originou o Natal Cristão.

Nos povos antigos e primitivos, este era o dia em que imploravam que o inverno não fosse por demais rigoroso e que as forças da natureza estivessem sempre ao seu lado. Para os celtas, celebrar o Solstício de Inverno era o mesmo que reafirmar a continuação da vida, pois Yule é o tempo de celebrar o espírito da Terra, pedindo coragem para enfrentar os obstáculos e dificuldades que atravessaremos até a chegada da Primavera.

O tema principal desse Sabbat é a Luz em todas as suas manifestações, seja o fogo da lareira, seja de uma fogueira, de velas, entre outros. A Luz neste Sabbat torna-se um elemento mágico capaz de ajudar o Sol a retornar para a Terra, para a nossa vida, os nossos corações e as nossas mentes.

A tradição da Árvore de Natal tem origem nas celebrações Pagãs de Yule, nas quais as famílias traziam uma árvore verde para dentro de casa para que os espíritos da Natureza tivessem um lugar confortável para permanecer durante o Inverno frio. O pinheiro, o azevinho, e tantas outras árvores tão utilizadas no Natal são árvores cujas folhas são perenes e sempre verdes, e por isso simbolizam a continuação da vida.

O pinheiro sempre esteve associado com a Grande Deusa. As luzes e os ornamentos, que hoje colocamos como decoração, representavam o sol, a Lua, os planetas (bolas) e as estrelas. Sinos eram também colocados nos galhos da árvore, representando símbolos femininos de fertilidade e anunciavam os espíritos que pudessem estar presentes.

Presentes eram colocados aos pés da árvore para as Divindades e isso resultou na moderna troca de presentes da actual festa natalina.

Faziam-se coroas que se colocavam nas portas para proteger os lares. E queimava-se o tronco do Yule (do ano que decorreu). Ainda hoje em aldeias do interior se queima um tronco no largo da aldeia (fogo de Natal) para trazer luz à noite mais escura do ano.

As cores tradicionais do Natal, verde e vermelho, também são de origem Pagã, que representam o fogo/luz e a Tora de Tule.

Este dia do Solstício de Inverno era também o primeiro de 12 dias de comemorações, em honra das Senhoras Brancas, as deusas anciãs. Muitas vezes, estes 12 dias eram os dias em que tronco de Yule demorava até arder totalmente. As pessoas despediam-se do que não queriam mais na sua vida no novo ano e faziam pedidos novos para o renascimento do sol. Podemos fazer aqui o paralelo com as 12 badaladas e os 12 pedidos na actual noite de passagem de ano.

Apesar de simbolizar o nascimento do novo ano que já se iniciou no Samhain, o solstício é, ainda, uma época de paragem. As deusas anciãs caminham por uma terra despida, gelada e estéril. Sabem, porém, que tudo está prestes a despontar, se lhe dermos tempo.

O Solstício pede quietude e purificação. É uma boa altura para abrir mão do que nos impede a caminhada, sem que comecemos já a caminhar. É altura de honrarmos as nossas realizações, com amor e humildade e escrevermos os nossos sonhos, projectos, esperanças, compromissos, criando condições para que eles se materializem. E darmos tempo, espaço, silêncio.

O Solstício pede a purificação da alma, na escolha dos alimentos que comemos, nos pensamentos que nutrimos. Pede que nos observemos, que nos conectemos à centelha divina dentro de nós. E pede esse silêncio interno tão necessário para o renascimento de algo novo.

Aproveitamos o frio para estar em casa, dizer às pessoas que amamos que as amamos. Contamos estórias. Cozinhamos com amor, nutrindo aqueles que nos são próximos e oferecendo alimentos a quem necessita. Mantemos uma vela acesa no nosso altar, reforçando a nossa ligação com o divino e a conexão com a nossa alma.

Por isso hoje deixo-te uma proposta de um pequeno ritual: acende uma vela em tua casa e escreve tudo o que queres deixar neste novo ano e queima esse papel. E nestes 12 próximos dias cria uma intenção/compromisso/pedido consciente em cada dia.

Os meus desejos para ti são que esta luz celebrada no Yule possa iluminar todo o teu coração e que traga esperança, coragem e fé nos teus “dias mais rigorosos de inverno.”

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